sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Coro dos Antigos Orfeonistas vai gravar um CD com a Orquestra Clássica do Centro. Diário as Beiras de ontem, num artigo de Patrícia Cruz Almeida.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008



Foto 1: Ainda a viagem do Orfeon Académico aos Estados Unidos em Novembro de 1962. Estão Adriano Correia de Oliveira, Jorge Godinho e Durval Moreirinhas no Central Park de New York.
Fotos 2 e 3: Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, em Maio de 1962. Cantaram Sutil Roque e Armando Marta. Nas violas Durval Moreirinhas e Humberto Matias, nas guitarras Jorge Tuna e Jorge Godinho.
Fotos cedidas por Ana Maria Lopes.

Jorge Godinho



1ª foto Jorge Godinho, junto a Fall River, USA, em Novembro de 1962, integrado na digressão do Orfeon Académico de Coimbra.
2ª foto: Durval Moreirinhas, Jorge Godinho e Adriano Correia de Oliveira, na mesma digressão.
3ª foto: (de baixo): Jorge Tuna, Adriano Correia de Oliveira, Durval Moreirinhas e Jorge Godinho, em J. G. Hagerstown, USA, em Novembro de 1962 também.
São quatro elementos do grupo de Guitarra e Canto de Coimbra integrado no Orfeon Académico. Jorge Tuna e Jorge Godinho na guitarra, Durval Moreirinhas na viola e a cantar Adriano Correia de Oliveira.

Segundo o caderno que foi publicado para promover a digressão, fizeram parte do grupo de Guitarra e Canto de Coimbra além destes quatro elementos, José Niza na viola, e os cantores Sutil Roque, Machado Soares, Luiz Goes, Sousa Pereira, Lacerda e Megre e Victor Nunes.

Estas fotos foram-me gentilmente enviadas pela esposa de Jorge Godinho, Ana Maria Lopes. Outras estarão aqui brevemente.

Como se sabe, Jorge Godinho morreu aos 34 anos, em 1972, ficando assim a Arte na Academia de Coimbra mais pobre.
Jorge Godinho era um executante de Guitarra de Coimbra de primeira água. Integrou um grupo com António Portugal e mais tarde outro com Jorge Tuna. Em qualquer deles deixou gravações de boa qualidade. No primeiro, gravou Variações em Ré Menor de Almeida Santos. No segundo, um Ré Menor de Flávio Rodrigues. Tem ainda gravado, se não estou em erro, com António Portugal, o Lá Menor do Xabregas.

A sua sonoridade, o dedilhar, o timbre, a clareza de notas, enfim, a qualidade da sua execução era superior. António Portugal e Jorge Tuna sairam muito beneficiados com a sua inclusão nos respectivos grupos.


O "COIMBRA - Grupo de Fados" vem por este meio convidá-lo para a apresentação do novo trabalho discográfico a decorrer no próximo dia 18 de Fevereiro, pelas 18h00, no Centro Cultural àCapella, em Coimbra. Agradecendo desde já a vossa presença, despeço-me com um forte abraço para todos,
João Farinha
Há mais informação no site: http://www.fadodecoimbra.com/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Homenagem a José Niza





José Niza entre amigos em noite memorável de fados

O Teatro Sá da Bandeira foi pequeno para acolher tantos e tão notáveis amigos de José Niza, na homenagem que o Centro Cultural Regional de Santarém e o Grupo Guitarra e Canto de Coimbra lhe promoveram no passado sábado.
Foi uma viagem memorialista aos tempos de Coimbra, à vida académica num tempo já de contestação estudantil ao regime e onde, de olhos na plateia de amigos, se confessou afortunado por ter convivido com tão grandes nomes, da política e das artes (alguns ali presentes), e em especial no campo musical e do fado de Coimbra que acabaria por soar em nostálgicos acordes na segunda parte desta noite memorável.
A cerimónia abriu com as palavras de Graça Morgadinho, sobre as razões da homenagem, que Madeira Lopes secundou. O elogio a José Niza (e que elogio!) coube ao seu amigo de sempre, um eloquente Almeida Santos, que falou seu grande apreço e amizade pelo homenageado, do talento de José Niza e da sua modéstia, desafiando-o ali memos a assumir o compromisso de editar as suas músicas e poemas, tão conhecidas nas vozes de outros. Recordou ainda os começos em Coimbra, onde se conheceram e o reencontro político, já em democracia, no Partido Socialista, e depois no parlamento, logo a partir da constituinte.
José Niza falou abreviadamente do seu percurso de vida, desde Santarém a Coimbra, sempre apoiado em diapositivos do seu álbum fotográfico. Identificou amigos da época (desde Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira), contou episódios vividos, registou eventos, desde informais convívios, aos concertos e tournées musicais, falou do primeiro concerto de jazz (com Dexter Gordon na sua casa de Coimbra) e do espectáculo de teatro que musicou, que acabou proibido pela censura. Inúmeras história de uma vida muito gratificante, nas palavras do próprio José Niza, especialmente por ter tido a felicidade de conhecer e conviver com os grandes nomes da sua época, e que classificou como "uma geração até hoje irrepetida", e que enumerou: Lousã Henriques, Manuel Alegre, António Barreto, Rui Vilar e Sá Machado (ambos presidentes da Gulbenkian), Correia de Campos e Alberto Martins (ambos presidentes da AAC nas greves de 61 e 69), José Carlos de Vasconcelos, Eurico Figueiredo, Daniel Proença de Carvalho, Fernando Assis Pacheco, Germano de Sousa, Lucas Pires, Mota Pinto, José Miguel Júdice. E, na música, Zeca Afonso, Adriano, António Bernardino, Jorge Tuna, António Portugal, Lopes de Almeida, Levy Baptista, Durval Moreirinhas, Maranha das Neves e tantos outros.

Balada dos vinte anos
Cada um de nós
traz nos ombros
a capa de estudante

E vinte anos
passaram num instante

Cada um de nós
traz na voz
um fado já distante

E vinte anos
passaram num instante

Cada um de nós
abraça uma guitarra
uma aventura errante

E vinte anos
passaram num instante

E todos nós
mais longe da chegada
e todos nós
mais perto da partida
cantando
fomos inventando
o elixir da longa vida

(Um poema original e musicado por José Niza para este evento)
Texto do jornal "O Ribatejo", de 12 de Fevereiro de 2008, enviado por Madeira Lopes.



Título: Serenata a Coimbra
Subtítulo: Fado Fantasia
Música: Raul de Campos e César Magliano
Origem: Coimbra
Função inicial: orquestra ligeira, salão
Data: 1913-1914

Peça instrumental em compasso quaternário, com abertura em Sol menor e desenvolvimento em Sol Maior, este bem marcado pelo solo de violino.
Na reconstituição da peça deverá atender-se ao espírito de época, isto é, à polivalência da Canção de Coimbra como género artístico que entre finais do século XIX e inícios do século XX contemplava serenatas de cortejamento, serenatas-espectáculo, momentos de convivialidade em múltiplos salões da cidade de Coimbra e Beira Litoral, animações de praias, casinos e termas, bem como encenações levadas à cena em casas de espectáculos. Na cultura de salão era então muito comum interpretarem-se peças de rua ao piano, ou combinando instrumentos como o piano, a guitarra, a flauta e o violino.
A biografia de Raul de Campos, músico activo em Coimbra nos anos da Primeira Guerra Mundial, não está levantada. Este autor deixou alguma produção impressa correlacionada com o universo da Galáxia Sonora Coimbrã. César Magliano era um músico profissional de origem italiana, com actividade conhecida em Coimbra desde os alvores da Grande Guerra. Trabalhou como professor particular de música, deu aulas no Colégio de S. Pedro, e a partir de finais da década de 1930 dirigiu artisticamente o Rancho das Tricanas de Coimbra, representando um certo entendimento do folclore. Autor de um reportório eclético, apto a satisfazer gostos pequeno-burgueses, Magliano era nas décadas de 1930-1940 um dos melhores profissionais activos em Coimbra, apenas rivalizando com ele em pé de igualdade o músico militar João de Oliveira Anjo.
Esta “serenata”, composta de 1913 para 1914, tem a peculiaridade de configurar uma co-autoria. Terá conhecido alguma popularidade em tempos de fim da Belle Époque, uma vez que foi impressa na cidade do Porto, pela Tipo Lito Portuense, ao preço de 40 centavos, trazendo no rosto identificação completa e uma figura feminina com aspecto de Vénus primaveril.

Texto: AMNunes e José Anjos de Carvalho
Transcrição: Octávio Sérgio (2008)

A Seresta

Seresta foi um nome surgido no século XX, no Rio de Janeiro, para rebatizar a mais antiga tradição de cantoria popular das cidades: a serenata. Ato de cantar canções de caráter sentimental a noite, pelas ruas, com parada obrigatória diante das casas das namoradas, a serenata já apareceria descrita em 1505 em Portugal por Gil Vicente na farsa Quem tem farelos?. No Brasil, o costume das serenatas seria referido pelo viajante francês Le Gentil de la Barbinais, de passagem por Salvador em 1717, ao contar em seu livro Nouveau voyage autour du monde que "à noite só se ouviam os tristes acordes das violas", tocadas por portugueses (espadas escondidas sob os camisolões) a passear "debaixo dos balcões de suas amadas" cantando, de instrumento em punho, com "voz ridiculamente terna".
Mais compreensivo, outro francês, o estudioso de literatura luso-brasileira Ferdinand Denis, registraria em livro de 1826 que "gente simples, trabalhadores, percorrem as ruas à noite repetindo modinhas comoventes, que não se consegue ouvir sem emoção".
Com a transformação dessa modinha, a partir do Romantismo, em cançao sentimental típica das cidades em todo o Brasil (alguns poetas românticos foram compositores, outros tiveram seus versos musicados), tal tipo de canto, transformado desde o séc. XVIII quase em canção de câmara, volta a popularizar-se com a voga das serenatas acompanhadas por músicos de choro, a base de flauta, víolao e cavaquinho.
Influenciadas pelas valsas, as modinhas têm então realçado seu tom de lamento na voz dos boêmios e mestiços capadócios cantadores de serenatas, por isso chamados de serenatistas e serenateiros. Assim, quando no séc. XX a serenata passa por evolução semântica a seresta (para confundir agora sob esse nome, muitas vezes, o ato de cantar com o gênero cantado), os cantores com voz apropriada ao sentimentalismo de serenatas ou serestas transformam-se, finalmente, em seresteiros.
A seresta
Conforme nos lembra o grande flautista brasileiro Carlos Poyares - na apresentação de seu disco Brasil, Seresta -, no passado, grupos de músicos, saindo das festas, detinham-se às janelas de suas pretendidas, para tocar e cantar madrugada a dentro, constituindo um costume boêmio que nós herdamos, como tantos outros, da Península Ibérica. Passando a denominar-se seresta, serenata ou sereno, essas primeiras manifestações, no Brasil, fizeram-se muito antes do lampião de gás... à luz da lua...
De fato, a origem desse costume - de se evocar alguém (especialmente a pessoa amada) através dos versos - vem de tempos passados, de épocas remotas, muitos séculos atrás. Conforme o testemunho de cronistas medievais, na Pesínsula Ibérica (Portugal e Espanha), desde a Idade Média, os trovadores e menestréis já costumavam entoar as famosas Cantigas ou Cantares, que compõem um vasto repertório lírico e também satírico: as Cantigas nem sempre tinham tom de romantismo, pois havia as Cantigas de Amigo, de Amor, destinadas aos amigos ou à amada, mas também as Cantigas de Escárnio e Cantigas de Mal-dizer, nas quais enviavam-se recados indelicados a desafetos pessoais, inclinando para o tom humorístico.
As cantigas líricas medievais constituíam, inicialmente, atividades palacianas, cantadas para as damas dos castelos e palácios. Por essa razão, eram encaradas como hábitos aristocráticos, entoadas ao som de instrumentos denominados guitarras (século XIII) ou vihuela - viola espanhola (séculos XIV e XV), considerando-se um hábito de bom-gosto. Aos poucos, entretanto, foram extrapolando os muros dos palácios e mesclando-se com manifestações populares, entre as novas camadas sociais urbanas que se formavam.
Em Portugal, no início do século XVI, o autor teatral Gil Vicente compôs peças que mostravam cenas do processo de popularização, como os autos Quem tem Farelos? e Auto de Inês Pereira . Esse processo, entretanto, crescia na mesma proporção de uma visão social preconceituosa.
Os instrumentos também foram se modificando, surgindo uma variante simplificada da viola, tão difundida popularmente que, por volta de 1650, "D. Francisco Manuel de Melo já podia acusar a perda de prestígio do instrumento junto às pessoas de melhor qualificação da cidade, tão baixo descera seu uso na escala social (....) As novidades de uma música produzida pela gente do povo das cidades, para atender às expectativas do lazer urbano, estava nascendo em Portugal de Quinhentos. E, tal como mais tarde viria a confirmar-se no Brasil, essa música popular surgia como criação das camadas mais humildes dos negros e brancos pobres das cidades, talvez por isso mesmo chamados de patifes". (Em: História Social da Música Popular Brasileira, de José R. Tinhorão). Fonte: Origens do gênero "Seresta"
Algumas músicas seresteiras:
A casinha da colina, A deusa da minha rua, A namorada que sonhei , A noite do meu bem, A saudade mata a gente, A última canção, Adeus, Além, Alguém como tu, Amendoim torradinho, Amo-te muito, As rosas não falam, Ave Maria (V. Paiva), Azulão, Balada triste, Bar de noite, Bom dia tristeza, Brasileirinho.
Cabecinha no ombro, Canção da manhã feliz , Canção da volta, Canção de amor, Cansei de ilusões, Carinhoso, Castigo (D. Duran), Chalana, Chão de estrelas, Choro chorão, Chove lá fora, Chuvas de verão, Cinco letras que choram (Adeus) , Conceição, Cordas de aço, Da cor do pecado, Dá-me tuas mãos, De cigarro em cigarro, Dó-ré-mi, Dos meu braços não sairás, Duas contas, É a ti flor do céu, Ébrio, Esmeralda, Eu sou a outra.
Favela, Fim de caso, Franqueza, Garoto da rua, Gente humilde, Graças a Deus, Helena, Helena, Helena, Índia, Ingênuo, Lama, Laura, Lembranças , Linda flor, Malandrinha, Mané fogueteiro, Manias, Maria dos meus pecados, Matriz ou filial, Memórias do Café Nice, Mensagem, Meu mundo caiu, Meu primeiro amor (Lejania), Minha rainha, Modinha, Molambo, Mulher.
Nada além, Naquela mesa, Neste mesmo lugar, Ninguém me ama, Noite cheia de estrelas, Nossos momentos, Número um, Joga a rede no mar, Meu nome é ninguém, O mundo é um moinho, O trovador, Ouça, Patativa, Perdido de amor, Porta aberta, Pra você, Prece ao vento, Quem é?, Quem sabe?, Quero beijar-te as mãos, Ronda, Rosa, Rosa de Maio.
Saia do caminho, Samba quadrado, Serenata do adeus, Serra da Boa Esperança, Sertaneja, Suas mãos, Tango pra Tereza, Ternura antiga, Travessia, Tudo acabado, Tudo ou nada, Vida de bailarina, Violão, Violões em funeral.
Mais miscelânea seresteira, porque em uma roda de seresta dá de tudo, inclusive músicas cômicas: Ai! Minha mãe, Alecrim, Azul da cor do mar, Balada Número 7- Mané Garrincha, Boneca cobiçada , Calúnias - Telma eu não sou gay, Caminhando (Prá não dizer que não falei das flores) , Chuva de prata, Como uma onda (Zen surfismo), Cuitelinho, De volta pro aconchego, Enquanto houver saudade , Eu nunca mais vou te esquecer, Falando sério, Fiz a cama na varanda, Fogo e paixão, Foi Deus quem fez você, Frevo mulher, Gostoso demais, Hoje, Kalu.
Marylou, Memórias, Moça, Mon amour, meu bem, ma femme, Na rua, na chuva, na fazenda , Nesta rua, Nossa canção, Nuvem passageira, O menino de Braçanã, O moço velho, O patrão nosso de cada dia, Peixe vivo, Preta Pretinha, Que pena, Rosa de Hiroshima, Sangue latino, Sereno, Sintonia, Sobradinho, Tudo passará, Um dia de domingo, Um jeito estúpido de te amar , Viagem, Vira virou, Whisky a go go.
E o jeitinho especial das músicas de Juca Chaves, o menestrel do Brasil:
A cúmplice, Por quem sonha Ana Maria.
Anos 60 também pega bem numa seresta:
Banho de lua, Biquini de bolinha amarelinha, Broto legal, Coração de papelão, Diana, Estúpido Cupido, Ritmo da chuva.
*
Texto e foto enviados por José Horta da Silva, que a recebeu de uma amiga de Pernambuco.

"O Cantador". Interessante gravura de Nobre, datada de 1925, na "Revista Portugueza - ABC", de 13 de Agosto de 1925, do Ano VI - Nº265, do espólio de Joaquim Pinho.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Ângelo Araújo

Lançamento da Fotobiografia de Ângelo Araújo. Blog de Manuel Marques Inácio.
Segue o endereço; é só clicar nele:

http://ocantoeamusicadecoimbra.blogspot.com/2007/11/segunda-feira-julho-23-2007-aqui-vai.html#links

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Cartazes de Queimas das Fitas

Site do Magnum Concilium Veteranorum (Conselho de Veteranos) com a imagem dos cartazes da Queima das Fitas deste os anos 30, em:
depois, é clicar em cada cartaz e ampliar.
Os antigos estudantes que revejam os cartazes do tempo deles! Do meu tempo estão aí: desde a queima de 1998 à queima de 2001 (de facto, estive na primeira queima deste século e milénio e o meu Curso de História - 1997/2001 - foi o Curso de que saíram os primeiros licenciados do século e milénio ... modéstia à parte ...)

Rui Lopes